It’s dive time, folks!
De um esporte relativamente elitizado, para um ramo do turismo totalmente desenvolvido e lucrativo. Com mais de 1.000.000 de novos mergulhadores a cada ano, certificados pelas principais agências certificadoras, o mercado de mergulho recreativo está crescendo rapidamente. It’s dive time, folks!
Muitos destinos tropicais construíram uma indústria lucrativa em torno do mergulho. Mas a concorrência é alta e, para permanecer competitivo e atrair clientes, os preços precisam ser baixos. Os preços não apenas precisam ser baixos para os padrões turísticos, mas precisam ser mais baixos do que os da concorrência. É aqui que a verdadeira espiral descendente começa.
It’s dive time, folks!
A indústria de mergulho recreativo está seguindo um caminho perigoso, onde o treinamento é reduzido ao essencial. E as especializações sub-sub segmentadas e concedidas em intervalos de tempo e experiência cada vez mais curtos. Como exemplo posso citar um dos meus mergulhos em naufrágio, na Flórida. Filmei dois mergulhadores fazendo penetração. Provocaram tanta suspensão que quase se perderam. Recém “formados” no mergulho avançado e com especialização em naufrágios, não tinham a menor ideia do que estavam fazendo.
Em outras ocasiões, desisti de mergulhar quando constatei super lotação em embarcações, não só aqui no Brasil como no exterior. Certa feita, levei meu equipamento de filmagem sub e não pude sequer tirar da caixa e montar por falta de espaço; a embarcação estava lotada! Já vi mergulhadores serem levados pela correnteza e serem resgatados horas depois, por outras embarcações. Já vi e precisei ajudar mergulhadores em apuros porque lhes foi permitido mergulhar sem um “dupla”.
It’s dive time, folks!
Essa é uma tendência preocupante. Com a globalização em seu pico e os preços dos pacotes de viagem em constantes promoções, feriados prolongados e férias tornaram-se amplamente disponíveis para um número cada vez maior de pessoas. Agora, milhares de turistas estão em condições de obter a certificação SCUBA durante uma viagem de uma semana. Muitos não planejam fazer isso no início, mas acabam sendo convencidos por amigos, agências de turismo, levados por promoções em resorts, e por aí vai. Mas, com o advento da pandemia do COVID-19, as atividades econômicas no mundo todo paralisaram. Momento para profundas reflexões sobre mudanças.
Mas não são as mudanças que muitas vezes nos trazem dificuldades e problemas de adaptação e sim as transições. O que cria um dilema interessante: como lidamos com a discrepância entre aquilo que queremos controlar em nossas vidas – e nos negócios – e o que nós conseguimos com pouco ou nenhum controle? Mudança representa aquilo que acontece conosco; ela é situacional. Mudança pode ser definida como sendo os fatores externos que produzem impacto em nossas vidas – e nos negócios. Transição é o processo interno (psico-emocional) que usamos para tentar entender, aceitar e, finalmente, nos adequarmos ao novo “status quo”. Por conseguinte, transição é o que nós fazemos com esse impacto. É muito importante fazermos essa distinção, porque a maioria das pessoas se concentra nas necessidades de se lidar com as mudanças quando, na verdade, deveriam se concentrar na transição. O custo desse aprendizado, para muitos, é alto.
It’s dive time, folks!
Ao longo dos meus 69 anos devida, tanto no campo pessoal como profissional, fui capaz de acumular conhecimentos e experiências. Não anos de uma só experiência, mas uma significativa pletora de conhecimentos, experiências e vivências ao longo dos anos – incluindo atividades esportivas (que não são poucas). Com a aproximação do fim dessa hibernação, imposta pela crise, minhas reflexões me levaram a vários “insights” com base nos ensinamentos de um grande amigo, já falecido, que escreveu um livro intitulado “Os Benefícios da Crise”. “O sucesso e o fracasso estão em lados opostos de uma mesma moeda”, dizia ele. E é com essa moeda no bolso que transmito um pouco das minhas lições e aprendizados, resumidamente em cinco pontos-chave:
1) Coloque as pessoas certas no seu barco. Se você precisa de contribuições de apenas algumas pessoas ou de uma equipe diversificada de partes interessadas, não chame os que sempre concordam com você. Polegar pra cima, ou aquelas mensagens com “BLZ” e “TMJ” (abreviação de beleza e tamojunto), por exemplo, não significam comprometimento. Quanto menor o grupo que você montar, mais importante será a escolha de pessoas que o desafiarão.
2) Comunique-se de forma clara e aberta. Coloque seus objetivos com antecedência e frequência. Refine-os com o máximo de informações. Busque e alimente-se de feedbacks (honestos e construtivos) ao longo do processo. Seja transparente a cada passo do caminho.
3) Mantenha-se focado em soluções. Quando você está tentando resolver um problema, é fácil se fixar nos desafios que podem estar no seu caminho. Pense no processo como uma pista de obstáculos. Lembre-se de que a cada obstáculo ultrapassado, você estará cada vez mais próximo da solução.
4) Timing certo, avance. Não paralise com as inúmeras opções à sua frente. Confie nos seus instintos. Tomar a decisão de não decidir, é pior do que uma decisão ruim. Não há decisão e solução perfeita. Busque a excelência. Saiba a diferença entre a perfeição e a excelência: A excelência tolera fracassos e a perfeição não os admite. Fracassos são o preço natural que pagamos pelo desenvolvimento. (Matt Barratt, ex chairman do Banco Barkleys)
5) Um passo de cada vez. Se você ficar atolado naquele meio confuso entre o ponto de partida e a linha de chegada, não esquenta! É normal. As lições mais gratificantes que você vai aprender – tanto no trabalho como na vida – são as que te levam para fora da sua zona de conforto (ou de desconforto), onde você realmente faz as coisas acontecerem. O importante não é como começamos, mas como terminamos.
Vejo vocês no próximo mergulho!
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Quem é o autor deste artigo?
Julio Cesar Pitombo é Master Scuba Diver com várias certificações: Digital Underwater Photo Level 2, Underwater Videographer, Deep Diver, Wreck Diver, Night Diver, Project Aware, Search & Recover Diver, Rescue Diver, Multilevel Diver, Nitrox Diver e EFR – Primary & Secondary Care (CPR/AED/First Aid – Adult).
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