O que são as marés?
É muito provável que você já saiba o que são as marés ou talvez tenha um conhecimento superficial sobre o assunto. Nosso objetivo com este artigo, é nos aprofundarmos no tema afim de sanar quaisquer dúvidas que vocês tenham sobre as marés e os seus efeitos em nossos mergulhos.
Quem já passou o dia todo na praia, já deve ter notado que no decorrer das horas há uma variação do nível da água do mar sobre a faixa de areia. Em alguns períodos, a água recua e a impressão que temos é de que a praia fica mais “larga”. O oposto também ocorre: em outros momentos, podemos ver que a água do mar avança sobre a faixa de areia e a praia fica mais “estreita”. Isso acontece por causa das marés. Vamos começar com o conceito?
Marés são as alterações cíclicas do nível das águas do mar causadas pelos efeitos combinados da rotação da Terra com as forças gravitacionais exercidas pela Lua e pelo Sol (este último com menor intensidade, devido à distância) sobre o campo gravitacional da Terra. As marés resultam da força gravitacional da Lua e do Sol sobre o oceano, criando dois bojos de água – na verdade ondas – em lados opostos da Terra. Conforme as posições relativas do Sol e da Lua mudam, a amplitude dos bojos também se altera. Quando estão alinhados, nós temos as marés mais altas e mais baixas porque o Sol e a Lua somam suas forças de atração; quando estão em um ângulo reto em relação a Terra, as forças gravitacionais (até certo ponto) se cancelam mutuamente e há uma variação menor entre a maré alta e a maré baixa. De qualquer modo, conforme a Terra gira, as posições dos bojos da maré mudam, causando a subida e a descida diária da maré. Assista ao vídeo abaixo para entender como funciona a influência do Sol e da Lua:
A hora de ocorrência e amplitude da maré em cada local são influenciadas pelo alinhamento do Sol e da Lua, pelo padrão das marés no oceano profundo, pelo sistemas anfidrómicos dos oceanos e pela forma da linha de costa e batimetria das regiões costeiras adjacentes. Em consequência da combinação dos efeitos de todos esses fatores, algumas regiões costeiras experimentam marés do tipo semidiurno, com dois ciclos de maré de amplitude semelhante em cada dia, enquanto outras regiões experimentam maré de ciclo diurno, com apenas um ciclo de maré em cada dia. Embora menos frequentes, alguns locais apresentam marés de “tipo misto”, com dois ciclos de maré desiguais por dia, ou uma maré cheia e maré vazia desiguais.
As marés variam em escalas de tempo, que vão desde algumas horas a vários anos devido a múltiplos efeitos. Para produzir os registos, são utilizados marégrafos em pontos fixos onde a variação do nível das águas com o tempo é registada. Em geral os marégrafos ignoram variações causadas por ondas com períodos inferiores a alguns minutos. Os dados recolhidos nas estações maregráficas são comparados com um nível fixo de referência geralmente referido ao nível médio do mar.
Os fenômenos de maré não se limitam aos oceanos, pois podem ocorrer em outros sistemas sempre que um campo gravitacional que varia no tempo e no espaço esteja presente. Por exemplo, a parte sólida da Terra é afetada pela maré terrestre, subindo e descendo ciclicamente, embora esses movimentos não sejam tão facilmente detectáveis como os movimentos da maré oceânica.
A importância das marés
O cotidiano das pessoas que residem nas regiões costeiras é fortemente influenciado pelas marés. Pessoas que trabalham com a pesca, navegação de embarcações e mergulhadores, por exemplo, guiam-se pelas previsões de movimento das águas oceânicas para realizar suas atividades. As marés também têm sido utilizadas como fonte geradora de energia elétrica. Um dos modos de geração de energia funciona da seguinte maneira: gigantescos tanques são construídos para serem cheios com a água do mar na maré alta. Quando a maré baixa, a água sai do tanque, fazendo girar uma turbina que produz energia elétrica.
Marés baixas e marés altas
Embora muito maior que a Lua, o Sol tem menor efeito sobre as marés, em virtude de sua distância à Terra ser muito grande (cerca de 150 milhões de quilômetros). A elevação das águas, contudo, é muito mais acentuada quando os três corpos estão alinhados, o que é verificado duas vezes por mês: na Lua Cheia e na Lua Nova. São as chamadas marés vivas. Quando o Sol, a Lua e a Terra estão dispostos em ângulo reto (sendo a Terra o vértice), a variação das marés é menor. São as marés mortas.
Enquanto a Terra gira no seu movimento diário, o resultado são duas marés altas e duas marés baixas. Em um certo momento, um certo ponto da Terra estará embaixo da Lua e terá maré alta. Aproximadamente seis horas mais tarde (6h 12m), a rotação da Terra terá levado esse ponto a 90° da Lua, e ele terá maré baixa. Dali a mais seis horas e doze minutos, o mesmo ponto estará a 180° da Lua, e terá maré alta novamente. Portanto as marés acontecem duas vezes a cada 24h48m, que é a duração do dia lunar.
Se a Terra fosse totalmente coberta de água, a máxima altura da maré seria de 1 metro. Como a Terra não é completamente coberta de água, vários aspectos resultantes da distribuição das massas continentais contribuem para que a altura e a hora da maré variem de lugar a outro. Em algumas baías e estuários as marés chegam a atingir 10 metros de altura. Contudo, a realidade é que a amplitude das marés varia. Alguns lugares possuem apenas uma maré alta e uma maré baixa. Outros possuem duas marés altas e baixas aproximadamente iguais, e existem lugares que possuem duas marés altas e baixas que não são idênticas. Algumas áreas próximas ao equador apresentam pouca diferença na amplitude entre maré alta e a baixa, ao passo que outras áreas, tantos em altas quanto baixas latitudes, apresentam diferenças extremas.
Planejando mergulhos de acordo com as marés
Para levar em consideração os efeitos das marés, você precisa saber o horário a amplitude das marés altas e baixas presentes no local de mergulho. Para isso, você deve consultar as tábuas de maré para essa região através de websites na internet ou de aplicativos para smartphones, além é claro de relatórios climáticos entre outras informações úteis.
Sugestões de websites e a aplicativos com tábuas de marés:
O melhor momento para mergulhar é na maré alta ou durante o estofo da maré, que é o período entre uma subida e o retrocesso da maré. A visibilidade neste momento é geralmente melhor porque as águas ficam mais limpas. Quando você chegar ao seu ponto de mergulho, avalie as condições para ver como a maré, bem como as outras variáveis, estão afetando (ou vão afetar) a corrente, a visibilidade, a temperatura entre outros aspectos. Bons mergulhos!
Terminologia das tábuas de marés
Nas tabelas de marés, textos sobre navegação e em muitos outros usos, você pode precisar conhecer estes termos:
- Preia-mar (ou preamar) ou maré alta: o nível máximo atingido pelas águas de uma maré cheia;
- Baixa-mar ou maré baixa: nível mínimo atingido pelas águas após a vazante;
- Estofo ou estofa: também conhecido como reponto de maré, é o curto período que ocorre entre marés em que as correntes de maré desaparecem e não ocorre alteração sensível no nível das águas;
- Maré enchente: período entre uma baixa-mar e uma preia-mar sucessivas, durante o qual a altura das águas aumenta;
- Maré vazante: período entre uma preia-mar e uma baixa-mar sucessivas, quando a altura das águas diminui;
- Altura da maré: altura do nível da água, num dado momento, em relação ao plano do zero hidrográfico;
- Elevação da maré: altitude da superfície livre da água, num dado momento, acima do nível médio do mar;
- Amplitude de marés: variação do nível das águas entre a preia-mar e a baixa-mar imediatamente anterior ou posterior;
- Maré de quadratura: maré de pequena amplitude que se segue ao dia de quarto crescente ou minguante;
- Maré de sizígia: as maiores amplitudes de maré verificadas quando o Sol e a Lua estão em sizígia, isto é alinhados, e a influência desses astros se reforçam mutuamente, produzindo as maiores marés altas e as menores marés baixas;
- Zero hidrográfico: o nível de referência a partir da qual se define a altura da maré, variável em cada local e muitas vezes definida pelo nível da mais baixa das baixa-mares registadas (média das baixa-mares de sizígia) durante um dado período de observação maregráfica;
- Maré astronômica: a maré induzida pela atracão de corpos celestes, principalmente pela Lua e pelo Sol, assim designada para a distinguir de variações do nível do mar de origem eólica ou barométrica (impropriamente também designadas por marés);
- Linha comareal, co-mareal, cotidal ou cobrasmática: linha que corresponde à expressão cartográfica dos pontos onde a preiamar (ou qualquer outra fase da maré) ocorre simultaneamente (atendendo a que cotidal é um anglicismo, em português deve-se dizer co-mareal);
Em relação às marés astronômicas, previsíveis a muito longo prazo, as tabelas de marés e cartas de navegação utilizam as seguintes definições:
- Maré astronômica máxima: a máxima maré astronômica que pode ser prevista para uma dada localização (não levando assim em conta factores meteorológicos);
- Maré viva média: a média de duas marés consecutivas em período de marés vivas;
- Maré morta média: a média de duas marés consecutivas em período de marés de quadratura (marés mortas);
- Nível médio do mar: a altura média das águas numa determinada localização determinada sobre a média de um período muito longo;
- Maré astronômica mínima: o nível mais baixo das águas que pode ser previsto a longo prazo para uma determinada localização; este valor é utilizado como datum local nas modernas cartas hidrográficas, mas note-se que em certas condições meteorológicas pode ocorrer a descida do nível das águas para níveis significativamente inferiores a esse valor.
Leia mais artigos sobre o tema “Climatologia”